Pra entender.

Por favor, comecem a leitura lá em baixo. Se ler os primeiros posts somente não entenderão. Pois o primeiro capitulo é o lá de baixo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

"Toda maratona começa com um passo" Parte 2

Aos poucos, Leo foi se tranquilizando. Pegou seu celular e ligou para sua namorada, Raissa. Ela atendeu e logo o perguntou porque ele não havia atendido ela. Ele nem sequer notou que ela tinha ligado. Eles apenas conversaram normalmente, ele desligou o telefone e decidiu ir almoçar. Afinal, saiu da sala de aula 10 horas da manhã e nem notou que ficou no bar 2 horas.

Leo saiu de fininho, e foi a pé pra casa, afinal, mora perto da faculdade. A rua estava como sempre esteve. Carros para lá, carros para cá. As pessoas sempre com aquele pressa de quem não vai chegar a lugar nenhum. E Leo estava ali, andando e tentando imaginar o que seria do seu país daqui pra frente. A TV pouco o ajudou nisso, afinal, nada poderia ser mais confusa do que a propria mídia naquele momento. Subitamente, Leo lembrou de ligar para Manoela.
- Oi, Manu. É o Léo. Como você tá? Passou o susto?
- Sim, Leo. Mas to tentando entender tudo isso ainda. Ta tudo muito confuso. - Disse Manuela com tom de preocupada.
- Realmente, Manu. Tu tá aonde? Tu vai pra faculdade? Tá maior confusão lá. Passa na minha casa. Liga pro Miguel, fala pra ele ir pra lá também.
- Sim, vou fazer isso sim, Leo. Daqui a pouco a gente se ve então. Beijos.

Leo se despediu e desligou o celular. Já estava entrando em casa. Sua casa não era uma mansão mas não era um barraco. Ao abrir seu portão cinza, sua mãe estendia roupa.
- Filho, já viu a TV?
- Já, mãe. Já vi a merda que aconteceu.
- Verdade. Como vai ser agora?
- Nem sei, mãe. Tem almoço já?
- Deixa eu botar pra você.

Enquanto Léo almoçava chegou Miguel. Miguel era um pouco mais alto que Leo, ou seja, devia ter um metro e setenta e cinco centimetros, quem sabe. Era magro, de cabelo cacheado e reconhecido sempre pelo seu jeito baiano de levar a vida: bem relax.
- Que doidera, hein, Leo. - Falou Miguel entrando na sala da casa de Leo.
- Porra, nem me fala, Miguel. To tentando saber como vai ser tudo isso. O vice já se pronunciou?
- Nem sei, Leo. Vim pra cá logo que soube, a Manu me ligou, disse que tava vindo e tals.
- É. Mas sabe como ela é, sempre se atrasa.
- É, isso é fato.
Manuela entrou na sala da casa de Leo. Leo, Miguel e Manu se entre olharam. A preocupação estava ali, presente. Era como se estivesse sentada ao lado deles, os encarando. Nenhum dos três poderia ter noção do que vinha pela frente...

"Toda maratona começa com um passo" Parte 1


03 de maio de 2010. Era para ser um dia de festa popular depois de mais uma demonstração de democracia no Brasil, mas por ironia do destino se tornou um pesadelo popular. O povo não conseguia acreditar no que via na TV e ouvia no rádio. Acabava de morrer o então Presidente da República Federativa do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva. Acidente? Terrorismo? Atentado? Oposição? Guerra? Tudo foi cogitado e nada foi confirmado. Só o que sabia era que uma explosão de tamanho respeitável atingiu o presidente em seu carro a caminho da quadra onde comemoraria a vitoria no plebiscito que o garantiu o direito de disputar um terceiro mandato.

Um celular toca no meio de uma aula de direito romano no Campus da universidade federal rural do Rio de Janeiro de Nova Iguaçu, uma cidade da baixada fluminense e Leonardo Garcia pede licença ao professor para atende-lo. Era sua amiga, Manuela Pontes, que desesperada contou o que via na TV. Leonardo não acreditava no que ouvia. Não que ele duvidasse de Manuela, pelo contrário. Ele tinha certeza que ela não brincaria com isso, mas o que ele ouvia era irreal. Só uma coisa passava na cabeça de Leonardo: "E agora?". Ao desligar o telefone, visivelmente transtornado, entrou na sala de aula e contou ao seu professor, que não conseguiu acreditar. Porém, o telefone de Leo não foi o único a tocar e assim a noticia ia sendo confirmada. A aula foi interrompida. Não só a de Léo, mas de toda a faculdade, pois a noticia ia se alastrando como uma bomba.

Léo procurou uma TV mais próxima para tentar entender o que havia acontecido, ainda havia em seu peito uma esperança daquilo tudo ser apenas mais uma brincadeira de alguém. Leo saiu de sua faculdade, atravessou a rua e foi ao bar do russo, que não era nada original. Uma mesa de sinuca, cadeiras e mesas de plástico amarelo, bêbados, uma TV com sintonia horrível e um dono com cara de dono de bar. Sentou, pediu uma cerveja e Seu Russo prontamente trouxe aquela gelada.
- O que foi, filho? Esse nervosismo todo é por conta da morte do presidente? - Disse Seu Russo, notando o transtorno de Leo.
- Sim, Seu Russo. É. Fui pego de surpresa, Seu Russo. Ainda mais agora depois da nossa vitoria no plebiscito. - Explicou Leo ao Seu Russo que nesse momento já estava sentado na mesma mesa que ele.
- Meu querido, - Falou vagarosamente e sarcasticamente, Seu Russo - eu sei o quanto ele era bom, mas é só mais um, não acha?
- Como assim, Seu Russo? - Exclamou, Leo. - O Lula era o presidente, era um ícone para muita gente. O senhor sabe que sou PTista desde que tenho 14 anos! Ou seja, são 6 anos militando por uma causa, por um sentimento. E ver alguém do seu partido ser morto é horrível, ainda mais sendo o presidente. - Seu Russo tentou balbuciar algumas palavras mas foi logo cortado por Leo que continuou - E é isso mesmo que o senhor ouviu. Foi assassinato. Não me venha com essa historinha de acidente que tá passando agora na TV.

Seu Russo apenas concordou e entendeu o sentimento que transtornava Leo. Se levantou e foi atender os outros alunos que chegavam aos montes tentando um espaço para saber mais sobre o ocorrido. E Leo olhava para TV mas não a assistia. Estava perdido em seus pensamentos. Parecia sentir que muita agua ainda iria rolar.